O mundo que nos cerca está cheio de desafios à nossa comunhão com Deus. Por todos os lados, à semelhança do que disse Paulo em Filipenses 1:23, estamos em aperto, mas não podemos abrir mão de viver no mundo e ao mesmo tempo agradar a Deus. O que fazer quando a tentação chega à nossa porta?
Hoje está mais fácil sobreviver ao pecado? Ou o crente deve apenas fechar os olhos e esquecer o que aprendeu na Palavra de Deus?Muitos não conseguiram compreender a dificuldade de ser santo em nossos dias, seguindo dois caminhos perigosos. No primeiro existe a liberação total. Os crentes liberais tomam a tentação como uma concessão divina. Por vezes, é tão forte que não podemos suportá-la. Neste caso, e não se leva em conta nenhuma fraqueza humana, Deus “permitiu” a tentação e não deu nenhum escape. Contrariando frontalmente I Coríntios 10:13.
O segundo caminho é o fechamento psicológico do radicalismo cristão, aonde tudo é pecado. Neste extremo o salvo se torna paranóico, porque todas as coisas que fogem do seu padrão de conhecimento são pecaminosas. Note que são dois opostos. Num lado nada é pecado, noutro tudo o é.É interessante notar que ora tendemos a um extremo, e, em seguida, ao outro. A Palavra de Deus, porém, nos ensina que devemos:
1) Fugir do pecado, para não sermos sua presa. Quando somos tentados devemos intuir os níveis de influência humana, divina e diabólica. Deus permite que a tentação venha, para provar a fé do crente. Esta permissão tem um limite (Jó 1:6-12). Jamais Deus poderá se contradizer (Tiago 1:13-15). Jesus disse que a carne é fraca (Marcos 14:38), ou seja, está em permanente prontidão para o pecado. Cabe-nos descobrir onde tentados somos mais fracos. É nesse ponto que o Diabo vai agir;
2) Resistir ao Diabo, para que possamos vencê-lo. Resisti-lo não é gritar ou desdenhar de seu poder. O Diabo é um anjo, apesar de caído (Apocalipse 12:8) retém o nível de poder de sua criação. Não podemos vencê-lo, pois somos criaturas de menor poder (Salmos 8:4-6).Como se isto não lhe bastasse, ele é uma criatura de elevado nível intelectual (Ezequiel 28:3). O que lhe dá imensa vantagem para arquitetar seus planos. E ainda tem a seu favor atuar no mundo espiritual, sem limitações no tempo e no espaço (Efésios 2:2-3), aliado aos inúmeros anjos que caíram com ele e aos humanos que, voluntariamente, colocam-se a seu dispor;
3) Orar e vigiar (Mateus 26:41). Uma vida de oração é um desafio inatingível para o Diabo. Quanto mais perto de Deus ficamos, e a oração tem o poder de nos elevar espiritualmente, mas invulneráveis nos tornamos. Não podemos esquecer que a oração é um convite divino (Jeremias 29:13). Devemos, porém, tomar cuidado para que não nos tornemos tão santos, que nos sintamos auto-suficientes (leia a história de Balaão). A oração, por outro lado, não prescinde da vigilância. É preciso estar alerta quanto às “novidades” (Eclesiastes 1:9) que o tempo se encarrega se oferecer. Esta definição se encaixa perfeitamente na vida de Daniel, que não teria resistido às tentações de Babilônia se não cultivasse uma vida de oração e vigilância;
4) Buscar orientação na Palavra de Deus (Salmos 1). Quando você estiver perdido numa selva, ou mesmo antes, para não se perder, é preciso acompanhar a direção da bússola. Guiado por ela alguém pode ser salvo de uma morte trágica. Assim é com a Palavra de Deus. Ela sempre nos fala o que devemos fazer (Salmos 143:8). E se não nos fala é porque não queremos ouvi-la, pondo nossa conveniência à frente de Deus. Afinal, quase sempre nos indispomos com uma resposta negativa. Cuidado, entretanto, com o uso da Bíblia como caixinha de promessas ou como amuleto;
5) Ocupar a mente com coisas produtivas. Muitos de nós vivem em pecado porque estão com a mente vazia de coisas positivas. A prioridade é o que é supérfluo. Quando chega a hora de decidir o que fazer, optam pelo mais fácil. Como o mal é mais fácil de aprender permanece em um ciclo negativo e vicioso. Ocupe sua mente com coisas que te projetem para a frente, deixe a preguiça (Provérbios 19:15), busque conhecimento (Provérbios 1:22; 2:10-11). Que diferença fará, daqui a 10 anos, se você sabe com quem Gisele Bundchen está casada? Já pensou se Daniel fosse viver em função de seu drama? Portanto, use a adversidade como um trampolim para avançar e lembre que ocupar a mente também é se ocupar das coisas de Deus e do seu reino (Mateus 6:33);
6) Participar das mudanças que não trazem pecado. O crente não pode ser alienado, deve estar atento às transformações que o cercam. Outrora, dizia-se em nossas igrejas que os crentes não precisavam estudar. Era uma interpretação errônea da Palavra de Deus que afirma: ... porque a letra mata e o espírito vivifica (II Coríntios 3:6). As pessoas engoliam o contexto, que fala claramente da letra da Lei e não tinha nada a ver com o estudo secular. José jamais poderia transitar com desenvoltura na corte egípcia, a menos que se instruísse da sabedoria daquele povo, sua língua e seus costumes. Deus deu-lhe uma oportunidade única, cabia-lhe fazer os esforços necessários para separar o que traria prejuízo espiritual, do que lhe seria benéfico. Foi exatamente o que aconteceu com Daniel, não adiantava se lamentar. O contexto social havia mudado. Devemos agir assim com as descobertas tecnológicas, com o estudo secular e com o bíblico sistemático, também. E, principalmente, com as mudanças que ocorrem dentro da igreja do Senhor. Não podemos esquecer que a igreja é um organismo social, e como tal está em constante transformação. Determinadas alterações são incorporadas imperceptivelmente (uso do microfone), outras encontram mais resistência (uso do celular), mas todas devem passar pelo crivo do bom senso e da acomodação aos padrões da Palavra de Deus;
7) Nortear seus passos visando a volta de Jesus. Há um slogan de uma editora evangélica que afirma: Vivamos o dia de hoje, como se Cristo voltasse amanhã. É esta a tônica que deve nos guiar onde estivermos: em casa, na escola, no computador, na rua, com os amigos, com a família. Devemos aproveitar o momento, sabendo que tudo nesta vida passa. Devemos ter cuidado com o apego às coisas deste mundo (Lucas 10:40-42). A qualquer momento Cristo volta e o que temos feito?Por fim, não podemos ir atrás de qualquer novidade surgida do dia para a noite. É bom lembrar que o comportamento humano é um poço sem fim de surpresas. Se você confiar no ser humano irá se decepcionar (Salmos 118:8). Continue confiando em Jesus (Provérbios 3:5).